Com o objetivo de conhecer e trocar experiências sobre todo o processo de produção e inspeção do queijo artesanal produzido com leite cru, um grupo de gaúchos e catarinenses esteve em missão na semana passada no estado de Minas Gerais. Três microrregiões identificadas como produtoras de queijo artesanal foram visitadas: Serra da Canastra, Araxá e Serra do Salistre.
Durante a viagem, que se iniciou no dia 23 e retornou no dia 29, participaram de reuniões técnicas, visitas a queijarias e entrepostos de maturação de queijos minas artesanal. Como são executados os serviços de extensão pelos órgãos de assistência técnica, as instalações das queijarias, o nível de exigências da parte de fiscalização e a legislação mineira despertaram o interesse dos gaúchos e catarinenses que buscam regularização e maior espaço para o queijo artesanal serrano.
A comitiva estava integrada por técnicos dos serviços de inspeção municipal, da Emater/RS-Ascar, da Epagri, da Secretaria Estadual da Agricultura do RS, autoridades políticas da região dos Campos de Cima da Serra Gaúcha e da Serra Catarinense e representante da UFRGS. O vice-prefeito de Bom Jesus, Sérgio Francisco Varela e o secretário de Agricultura de São José dos Ausentes, Jânio Vieira, participaram da missão. O prefeito de Bom Jesus e presidente da Amucser também esteve em Minas Gerais acompanhando algumas ações.
De acordo com o médico veterinário bom-jesuense Lauro Bertholdo Júnior, os conhecimentos adquiridos reforçam e melhoram as articulações com vistas ao desenvolvimento da produção e mercado qualificado do queijo artesanal serrano. O prefeito Frederico destaca que o estado de Minas Gerais como ente público oferece mais condições à produção e comercialização dos queijos produzidos com leite cru. “Nós estamos percorrendo estes caminhos com a ação importante, consciente e efetiva dos técnicos e produtores envolvidos aqui na nossa região.
"O Rio Grande do Sul possui grande potencial para comercializar queijos regionais, como o colonial e principalmente o serrano. Hoje esses produtos, patrimônios do Estado, necessitam que se intensifique o apoio do Governo, além do fomento à pesquisa e regulamentação, para continuar seu processo de qualificação", explica o coordenador da Câmara Setorial do Leite, Danilo Gomes.
Abertura de mercado
Minas Gerais conta com 280 queijarias artesanais cadastradas no serviço de inspeção estadual; destes estabelecimentos, oito estão no SISBI, o que dá possibilidade de se comercializar o queijo minas artesanal em todo o país. Nenhuma queijaria artesanal do Rio Grande do Sul tem este tipo de registro. "Hoje, por exemplo, um porto-alegrense pode comprar legalmente um queijo artesanal mineiro em Porto Alegre, mas não pode comprar o queijo artesanal serrano do seu próprio Estado", exemplifica Danilo.
O relatório socioeconômico da cadeia produtiva do leite da Emater/RS-Ascar, lançado na Expointer deste ano, revelou que cerca de 85 milhões de litros de leite são destinados à produção de derivados lácteos comercializados informalmente no estado. "Esse volume é praticamente todo destinado à produção de queijos", destaca o coordenador.