O prefeito de Bom Jesus e presidente da Associações dos Municípios dos Campos de Cima da Serra (Amucser), Frederico Arcari Becker foi um dos palestrantes sobre “Realidade e Perspectivas” da região, no Seminário sobre Biodiversidade, realizado na Universidade de Caxias do Sul, no dia 19 de outubro. Destinado a acadêmicos, pesquisadores, professores e interessados no tema, o Seminário teve como objetivo promover o debate aprofundado sobre temáticas de grande atualidade, relevância social e acadêmica, envolvendo questões importantes quanto a biodiversidade, ao zoneamento ambiental e à preservação ambiental da região dos Campos de Cima da Serra. Também integrou a comunidade religiosa, política e acadêmica para a proposição de alternativas pra os embates atuais referentes às questões ambientais que afligem a região.
Evaldo Kuiava, reitor da UCS fez a abertura oficial do evento e de imediato teve a palestra “Fraternidade: Biomas Brasileiros e a Defesa da Vida”, com Dom Alessandro Carmello Ruffinoni, bispo da Diocese de Caxias do Sul. Depois, mesa-redonda sobre “Biodiversidade e Ética Ambiental” com os professores da UCS Juliano Rodrigues Gimenez, Luciana Scur e Paulo Cesar Nodari.
Frederico compôs a terceira mesa juntamente com a professora da UCS Maria do Carmo Padilha Quissini, quando os debates se concentraram nas relações e políticas públicas relacionadas à biodiversidade. O prefeito iniciou com apresentação, falando como chefe de executivo municipal, presidente da Associação regional de municípios e do Consórcio de Desenvolvimento Regional além de membro da Agência de Desenvolvimento da região dos Lagos, que envolve municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Ele abordou situações que impactam o desenvolvimento, influenciam na produção, afetam a sociedade em geral. “O prefeito não tem aprofundamento técnico de muitas áreas, mas ele tem que conhecer quase todas as áreas, buscando sempre novos conhecimentos para que possamos levar o desenvolvimento pleno para nossas comunidades, respeitando a diversidade que temos em nossa realidade. E uma das coisas que aprendi como gestor foi que devemos respeitar o produtor, pois é através dele que os municípios da nossa região se sustenta e consegue levar políticas públicas aos munícipes”, enfatizou Frederico
Informações geográficas, históricas, culturais foram apresentadas pelo prefeito bom-jesuense. Destacou a baixa densidade demográfica da região que apresenta cerca de 130 mil habitantes para 14 municípios, o que alcança em torno de apenas seis habitantes por quilômetro quadrado, que vivem quase que exclusivamente do setor primário. “Pouco se agrega valor ao produzido ali; não é uma região industrializada. Um dos grandes potenciais é com o turismo, mas este também precisa ser preparado. E, para se caminhar com as questões ambientais também é preciso ter as condições financeira e orçamentária para isso, além das questões técnicas, acadêmicas e ideológicas. Em nível de país, Estados e Municípios, estamos muito deficitários em ciência e tecnologia, em educação”, ressaltou. O prefeito prosseguiu dizendo que a região é o local com melhores condições e qualidade de vida, apesar de todas as intempéries e dificuldades enfrentadas.
A missão técnica em parceria entre os municípios da Amucser e a Emater que visitou três regiões produtoras de queijos em Minas Gerais também embasou comentário do prefeito de Bom Jesus como política pública de desenvolvimento. O intuito foi buscar conhecimentos quanto à produção e legislação pertinente ao queijo minas que auxiliarão no processo do queijo artesanal serrano produzido nos Campos de Cima da Serra. “Lá pude perceber que não marginalizaram os produtores quando ao contrário ofereceram condições de qualificação e legalização.
Outro assunto importante abordado pelo prefeito foi a legislação ambiental que ultimamente vem aplicando multas milionárias em produtores rurais da região e embargando áreas. Segundo ele, a legislação foi construída nesse país continental e que a nossa região por ter poucos habitantes e poucos votos não tem força política para reivindicar com mais veemência a adequação a realidade local. “Por exemplo, uma lei de 2006, agora em 2016 e 2017 ocasionando notificações e autos de infração que além das multas trazem embargos à terra impedindo a produção, a geração de renda, diminui oportunidades, diminui o PIB, numa corrente negativa. Então vejam a complexidade de os municípios conviverem com isso”, ressaltou Frederico. Ele acrescenta que precisa uma mobilização no Congresso Nacional para uma ajuste na legislação possibilitando a produção sustentável também como forma de enfrentamento à crise que se instalou no país a partir do segundo semestre de 2014. “Na minha primeira gestão como prefeito eu sempre fiz questão de dizer que lá não tinha crise, e realmente perto de outros locais, não tinha mesmo. Pois agora nesse ano já estamos sentindo. Não somos isolados e tudo o que acontece no país e no estado, em algum momento vai nos impactar.”
O Seminário teve continuidade na parte da tarde. “Zoneamento dos Campos de Cima da Serra e Diversidade Socioambiental” foi o tema para os professores da UCS Adir Ubaldo Rech, Pedro de Alcântara Bittencourt e Vania Sccneider. Depois, as professoras da UCS Maria Carolina Gullo e Ana Mery Sehbe De Carli juntamente com a promotora do Ministério Pùblico Janaina De Carli trataram sobre as “Potencialidades da Região Aspectos Econômicos, Culturais e Jurídicos da Região”. Por fim, a aprovação do Protocolo de Intenções para o Zoneamento Ambiental dos Campos de Cima da Serra e lançamento do livro “Potencialidades dos Campos de Cima da Serra e Políticas Públicas”, com Adir Ubaldo Rech e Maria Carolina Gullo.